Como tratar o aneurisma cerebral?

 

O aneurisma cerebral é uma bolsa formada geralmente na bifurcação de uma artéria dentro do crânio, que representa uma parede extremamente fina que pode eventualmente se romper, causando a hemorragia subaracnóide, um dos tipos popularmente conhecido como derrame ou, mais tecnicamente, acidente vascular cerebral hemorrágico.

Existem controvérsias quando à origem dos aneurismas cerebrais. Sabe-se que nas bifurcações arteriais intracranianas por vezes existem falhas nas camadas, principalmente nas chamadas membrana elástica interna e camada média. Desse modo, a parede arterial torna-se mais fraca, facilitando a formação do aneurisma cerebral. Porém, esta não parece ser a única causa para a ruptura dos aneurismas. Certamente, a hipertensão arterial, a aterosclerose e o fumo são fatores importantes também.

Os aneurismas cerebrais são muito frequentes na população em geral. Diversos estudos demonstraram que eles estão presentes em 0,2% a 9% da população, com uma média de cinco pessoas em cada 100. Já a frequência das hemorragias é bem menor. A incidência de casos novos de hemorragia por ruptura de aneurisma cerebral, em estudos finlandeses, é de 10 casos em cada 100 mil habitantes por ano.

A ruptura ocorre, na maioria das vezes, quando o aneurisma atinge um tamanho aproximado de sete milímetros, embora existam aneurismas que se rompem com três milímetros. Quanto maior e mais irregular for a parede do aneurisma, maior a chance de ele romper. Em 22% dos pacientes pode haver mais de um aneurisma.

Os sintomas mais comuns desse problema estão relacionados à ruptura do aneurisma e consequente hemorragia. Nestes casos costuma ocorrer dor de cabeça de início súbito, de forte intensidade, associada ou não à perda de consciência. É importante salientar que essa dor é, na maioria das vezes, muito intensa e diferente da enxaqueca, caso o paciente sofra desse mal.

A hemorragia por ruptura é muito grave, com risco de morte em aproximadamente 15% dos pacientes. Pode haver novo sangramento, causado por uma nova ruptura do aneurisma. Neste caso, o risco de morte chega a 85%.

Outra complicação da hemorragia por ruptura do aneurisma é o vasoespasmo, uma complicação diretamente relacionada à intensidade do sangramento, e que se caracteriza por um estreitamento do vaso intracraniano, motivado por substâncias liberadas da degradação do sangue que envolve esses casos.

O vasoespasmo se inicia no 3º dia após o sangramento do aneurisma e permanece até o 12º dia. O pico máximo de incidência se dá no 7º dia após o sangramento. O risco de morte relacionado ao vasoespasmo pode chegar a 30% dos pacientes com hemorragia.

Os sintomas dos aneurismas que não se romperam estão relacionados à compressão de estruturas vizinhas, principalmente nervos cranianos, portanto, só se manifestam quando o aneurisma atinge um tamanho maior.

O tratamento dos aneurismas intracranianos deve considerar os sintomas, a localização e a idade do paciente. Os aneurismas que sofreram ruptura devem sempre receber indicação de tratamento para a sua oclusão, que deve ser realizada o mais rapidamente possível para se evitar o ressangramento. Além disso, em caso de ocorrência de vasoespasmo, ele poderá ser tratado de forma mais eficiente após a oclusão do aneurisma.

Desde 1933, os aneurismas são tratados com a colocação de um clipe metálico em sua base, impedindo que o sangue consiga entrar no aneurisma. Estes clipes, que são uma espécie de grampo metálico, foram se sofisticando com o tempo. Hoje existem clipes de titânio, de diversos tamanhos e formas, que auxiliam muito durante a cirurgia. A chance de oclusão completa do aneurisma com a cirurgia de clipagem está em torno de 95%. O risco de morte e de sequelas cirúrgicas está em torno de 4%.

Nos últimos 10 anos, houve a introdução de uma nova técnica no tratamento dos aneurismas, o endovascular. Este método consiste na colocação de molas destacáveis dentro do aneurisma, a fim de preenchê-lo, procurando impedir a penetração do fluxo sanguíneo em seu interior, e é feito por meio de um procedimento de cateterismo. É um método em progressão que ainda apresenta resultados piores que a cirurgia convencional. A chance de oclusão total do aneurisma pela via endovascular é de 65%. O risco de morte de sequelas neste método é semelhante ao da cirurgia convencional.

Quanto aos aneurismas diagnosticados antes da ruptura, na maioria das vezes, são acompanhados clinicamente aqueles menores de três milímetros. Para os aneurismas maiores que três milímetros, a oclusão deve ser indicada.

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CRM-SP 43163

É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.

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