Anorexia nervosa: a busca pela magreza que mata garotas e mulheres

O que é anorexia?

A anorexia nervosa é um distúrbio comportamental complexo que envolve aspectos psicológicos, fisiológicos e sociais. As pessoas que sofrem deste transtorno, estão de forma obsessiva, na busca implacável pela magreza. Isso leva os doentes a recorrer a estratégias para perda de peso, ocasionando importante emagrecimento. Além disso, as pessoas anoréxicas têm um medo intenso de engordar mesmo estando extremamente magras.

A anorexia nervosa é uma doença com riscos clínicos, podendo levar à morte por desnutrição e em 90 por cento dos casos acomete mulheres adolescentes e adultas jovens, na faixa de 12 a 20 anos. Apenas 5% dos doentes são do sexo masculino. No homem, há perda de potência e interesse sexual.

A perturbação da cadeia dos transtornos alimentares atinge principalmente moças de classes socioeconômicas e culturais elevadas. Por vezes, outras pessoas da família também vivenciaram o problema gravíssimo.

É normal, as adolescentes com anorexia nervosa iniciarem esse transtorno depois de se submeter a dietas sem acompanhamento médico. O quadro avança para anorexia quando a dieta e a perda de peso subsistem até que a pessoa atinja níveis de peso muito inferiores aos esperados para a sua idade, perdendo a autocrítica sobre a situação. Ou seja, a preocupação com o peso e a forma corporal leva a adolescente a iniciar uma dieta progressivamente mais seletiva, evitando ao máximo alimentos de alto teor calórico.

Mesmo depois de apresentar um peso abaixo do considerado normal, a pessoa continua a sentir-se gorda e acaba por se tornar escrava das calorias e de rituais em relação à comida. Isola-se da família e dos amigos, ficando cada vez mais triste, irritada e ansiosa. Dificilmente, a pessoa admite ter problemas e não aceita ajuda de forma alguma.

Por vezes, a família demora a aperceber-se que alguma coisa de errado se passa. Em consequência disso, há muitas doentes com anorexia nervosa que podem não receber tratamento médico, ou o recebam tardiamente quando já estão perigosamente magras e desnutridas.

Sintomas da anorexia nervosa

Raramente um anoréxico reconhece o seu transtorno alimentar e procura ajuda, portanto cabe muitas vezes a familiares e amigos que suspeitam de anorexia nervosa procurar ajuda de profissionais. Muitos dos sinais que indicam anorexia incluem:

– Perda de peso num curto espaço de tempo;

Exercícios físicos em excesso;

– Depressão, ansiedade e irritabilidade;

– Períodos menstruais irregulares ou mesmo inexistentes;

Interesse exagerado por alimentos;

– Comer em segredo e mentir a respeito de comida;

– Progressivo isolamento da família e amigos;

– Acreditar que se está gordo, mesmo estando excessivamente magro;

– Obsessão com o peso corporal;

– Negação quando questionado sobre o transtorno;

– Contagem obsessiva de calorias;

– Saltar refeições;

– Brincar com a comida no prato em vez de comer;

– Ingerir apenas um determinado tipo de comida;

– Vestir (para esconder o corpo) roupa larga ou disforme;

– Reduzido ou inexistente apetite sexual;

Baixos níveis de energia.

Alguns pacientes chegam a jejuar dias, antes de comer quantidades excessivas de comida, as chamadas binges ou porres de comida. A maioria das pessoas apresentam problemas de concentração, o que acarreta em um baixo desemprenho escolar ou profissional.

Diagnóstico da anorexia nervosa

Um diagnóstico de anorexia nervosa só pode ser feito por um médico qualificado, habitualmente um psiquiatra. Os critérios padrão para o diagnóstico de anorexia nervosa incluem a recusa do indivíduo em manter um peso corporal apropriado para a sua altura e idade (normalmente 15 por cento abaixo da média), um medo intenso de ficar “gordo” ou com excesso de peso, mesmo quando magríssimo, uma falta de autoconfiança relacionada com uma autoimagem distorcida e a perda de períodos menstruais durante pelo menos três meses.

Se a anorexia é diagnosticada de acordo com critérios de doença mental, um anorético também precisará de um exame físico completo para determinar a extensão da doença ou dos danos causados por este transtorno alimentar.

É importante juntar a estes critérios a existência de, pelo menos, dois dos seguintes sinais:

– Amenorreia (falta da menstruação por 3 ciclos consecutivos;

– Lanugo- crescimento de penugem nos braços, costas e rosto; 

– Bradicardia (menos de 60 batimentos por minuto);

Hipotermia;

– Hiperatividade física;

– Vômitos;

– Episódios bulímicos (ocorrem em cerca de 1/3 dos casos).

Quando o início da anorexia nervosa acontece antes da menstruação, na pré-puberdade, o crescimento ósseo pode estagnar e não há o desenvolvimento das mamas e genitais. 

O quase desaparecimento do tecido adiposo, uma atrofia muscular considerável, uma pele seca acompanhada de problemas de microcirculação, coloração azulada persistente e indolor em ambas as mãos e uma hipotensão arterial (diminuição da pressão arterial) são alguns dos fatores que contribuem para um diagnóstico de gravidade da doença. Por outro lado, a desnutrição e desidratação, a anemia, intolerância ao frio, lenta e difícil digestão, amenorreia, sinais de osteoporose e infertilidade são outros sinais de gravidade.

Causas

A anorexia nervosa habitualmente tem início na adolescência, mas pode ter início na infância ou, posteriormente, dos 20 aos 40 anos de idade. Não existe uma causa única para explicar o desenvolvimento da anorexia nervosa e são apontados fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais para o seu desenvolvimento. Alguns estudos chamam atenção para que a extrema valorização da magreza e o preconceito com a gordura nas sociedades ocidentais pode estar fortemente associada à ocorrência destes quadros.

Tratamento

O tratamento da anorexia nervosa costuma ser demorado e difícil. A negação do problema é frequente, logo o percurso pode ser longo até à recuperação. As recaídas são comuns e, por isso, o doente deve permanecer em acompanhamento, mesmo após melhora dos sintomas.

O objetivo primordial do tratamento é a recuperação do peso corporal através de uma reeducação alimentar com apoio psicológico. Em geral, é necessária psicoterapia para ajudar o doente a lidar com sua doença e as questões emocionais. Por isso o tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por diferentes especialistas (psiquiatra, clínico, nutricionista) em função da gravidade da situação, uma vez que existe nesta doença uma complexa interação de problemas emocionais e fisiológicos.

Veja também: A importância da reeducação alimentar

Há, portanto, são necessários grupos de apoio ou terapia de grupo, planejamento nutricional e do tipo de exercício físico desenvolvido, bem como, a terapêutica medicamentosa. Havendo risco de vida, o doente é habitualmente hospitalizado.

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CRM-SP 43163

É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.

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