Quais são os sintomas da esquizofrenia?
No segundo capítulo da série especial, saiba alguns dos sinais da doença: alucinações, síndrome da desorganização e os sintomas deficitários.
As alucinações são falsas percepções a partir dos diversos sentidos (audição, visão, olfato, paladar e tato), que ocorrem sem a presença de um objeto sensorial. O indivíduo ouve vozes sem que haja ninguém por perto, vê pessoas ou objetos, mesmo estando sozinho em seu quarto. Pode também sentir cheiros (em geral desagradáveis), gostos estranhos ou sentir-se tocado.
As alucinações auditivas são as mais comuns; o paciente pode ouvir várias vozes ao mesmo tempo, conversando entre si, falando dele, por vezes xingando-o ou comentando as suas ações. As vozes podem dar ordens, mandando o paciente agredir alguém ou se jogar pela janela. Os sintomas positivos ocorrem na maior parte das vezes durante a fase aguda da doença, chamada surto. Alguns pacientes podem persistir com sintomas positivos mesmo após o tratamento.
Já, a síndrome da desorganização, que é outro sintoma da esquizofrenia, é caracterizada pela desorganização ou desagregação do pensamento: o paciente fala coisas que não se relacionam entre si, que não fazem sentido, chegando, em situações mais graves, a não conseguir construir uma frase com sentido, falando apenas palavras isoladas ou criando palavras que não existem.
A desorganização pode aparecer no comportamento: andar de um lado para o outro sem destino, falar sozinho, rir sem motivo, ficar parado em frente à janela por horas a fio, sair sem roupas na rua ou tomar banho vestido. Outra manifestação da desorganização é o afeto inapropriado: o paciente fica infantilizado, ri diante de situações tristes, por exemplo.
Os sintomas negativos ou deficitários podem ter início anos antes do aparecimento do surto psicótico ou logo após o aparecimento da primeira crise. O indivíduo vai ficando isolado, perde o interesse por várias coisas, perde a motivação, fica apático. A forma de se expressar afetivamente se altera, a ponto de os familiares dizerem que o paciente “está diferente do que era”, que “é difícil saber se ele está feliz ou triste”, como se ele “não mais expressasse suas emoções”.
A eficiência intelectual pode ser prejudicada; o paciente passa a ter mais dificuldade de fazer as coisas que fazia antes, para estudar e aprender; podendo ficar mais lento. O pensamento fica mais empobrecido e o doente passa a falar menos e com menos fluência do que antes. Esses déficits variam entre os pacientes, mas ocorrem em todos em algum grau, sendo uma marca importante da esquizofrenia.
No próximo capítulo da série, falaremos sobre as causas da doença.
Dr. Salim
CRM-SP 43163
É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.
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