Fotoenvelhecimento: minimize os danos que surgem com o tempo
Envelhecimento cutâneo
O envelhecimento da pele ocorre por dois motivos: passagem natural do tempo que é o envelhecimento cronológico (intrínseco). Os fatores ambientais que interagem com a pele (envelhecimento extrínseco) também contribuem muito para o desgaste da pele. Também conhecido como fotoenvelhecimento, o envelhecimento extrínseco é causado principalmente pela exposição ao sol, que tem efeito cumulativo e potencializa o surgimento de rugas, manchas e até câncer de pele.
Envelhecimento cronológico
O envelhecimento cronológico acompanha o processo registrado também com outros órgãos frente a degeneração natural do corpo e não tem relação com fatores ambientais. Com o passar dos anos, as células diminuem sua capacidade de renovação, e despenca a produção das fibras de colágeno e elastina, que dão firmeza e tonicidade. Com isso, a pele perde elasticidade e se torna mais fina e flácida, surgem aí as primeiras rugas finas na superfície, e é acometida também pela atrofia.
A menor atividade das glândulas sudoríparas torna a pele mais seca e acelera o envelhecimento. A redução da microcirculação sanguínea diminui sua vitalidade e luminosidade. Além disso, todos os dias realizamos mais de 1.500 contrações faciais, que marcam a epiderme na forma de linhas finas e rugas de expressão. O processo de envelhecimento cronológico acentua as rugas de expressão, que tendem a ficar mais profundas e marcadas com o passar dos anos.
Fotoenvelhecimento
Desencadeado pela interação com fatores ambientais, especialmente exposição à radiação UV, o envelhecimento extrínseco (ou fotoenvelhecimento) tem características que o diferencial do envelhecimento cronológico da pele. A radiação associada ao processo é a UVA, também utilizada em câmaras de bronzeamento artificial. Embora tenha comprimento de onda mais curto, ela atinge mais profundamente a derme do que a radiação UVB.
Ao penetrar a derme, os raios UVA danificam as fibras de colágeno, o que leva a uma produção de elastina anormal. Na sequência, ocorre a produção das enzimas metaloproteinases. Essas enzimas, que reconstroem o colágeno danificado, geralmente acabam operando mal e, assim, degradam ainda amais o colágeno, o que resulta em uma pele “reconstruída” de forma incorreta.
Processo de envelhecimento
Enquanto na juventude a cútis consegue corrigir naturalmente as alterações provocadas pelo Sol, na maturidade já não é mais possível reverter esses danos. Com isso, conforme o tempo passa, a pele, incorretamente reconstruída, forma rugas e adquire um aspecto “curtido”, e apresenta manchas e lesões pigmentadas. E como a exposição ao Sol tem efeito cumulativo, o dano causado pelos excessos cometidos na infância e adolescência – estima-se que recebemos 80% de toda a radiação solar da vida até os 18 anos – só serão percebidos muito tempo depois.
A exposição à radiação ultravioleta (UV) tem efeito cumulativo e os raios solares penetram profundamente na pele, podendo provocar diversas alterações, como o surgimento de pintas, sardas, manchas, rugas e outros problemas. A exposição solar em excesso também pode causar tumores benignos (não cancerosos) ou malignos, como o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.
Diferenças no envelhecimento
A pele foto envelhecida difere significativamente da pele que enfrentou apenas o envelhecimento cronológico. Enquanto uma pele envelhecida pela passagem do tempo apresenta textura mais lisa, ligeiramente atrofiada, com rugas discretas e sem manchas, a pele foto envelhecida possui superfície nodular áspera e espessa, repleta de manchas e de rugas acentuadas. Uma forma clássica de constatar a extensão do fotoenvelhecimento é comparar o aspecto de uma parte do corpo mais exposta à radiação solar (como o rosto ou as mãos) e de outra mais protegida, como os seios ou as axilas. A diferença entre ambas é marcante.
Envelhecimento x radicais livres
Outro fator ambiental relacionado ao envelhecimento pele são os radicais livres, moléculas instáveis produzidas naturalmente pelo corpo durante o processo de queima de oxigênio, que tendem a se associar rapidamente a outras moléculas de carga positiva e oxidar. Quando em excesso, as moléculas podem provocar problemas de saúde e acelerar o processo de envelhecimento.
Aceleração do envelhecimento
Alguns fatores externos que contribuem para a produção de radicais livres são:
- Consumo excessivo de álcool;
- Estresse;
- Poluição;
- Cigarro;
- Alimentos industrializados ricos em gorduras saturada;
- Radiação UV.
Assim, um estilo de vida saudável, com o controle do estresse, a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada, rica em vegetais e alimentos antioxidantes – que conseguem reduzir a concentração de radicais livres – são práticas que, ao lado da proteção solar, contribuem decisivamente para prevenir o fotoenvelhecimento.
Como prevenir o fotoenvelhecimento
Existem diversas medidas para prevenir o fotoenvelhecimento, e o ideal é iniciar todas desde muito cedo – na primeira infância, preferencialmente, já que a interação com o Sol e outros fatores ambientais tem efeito cumulativo no organismo.
Combata o envelhecimento
- Use protetor solar FPS 30 ou mais regularmente, mesmo em dias frios, nublados ou chuvosos, nas áreas mais expostas ao sol – rosto, pescoço, colo, braços, mãos;
- Aplique o protetor no mínimo meia hora antes de sair ao sol, e repasse a cada duas horas; Sempre que entrar na água, transpirar ou secar-se com toalha, o protetor deve ser reposto na pele;
- Evite o sol entre 10 da manhã e 4 da tarde;
- Sempre use chapéu, óculos escuros, camisetas e guarda-sóis quando for à praia e piscina;
- Nas atividades ao ar livre, nas caminhadas proteja-se também com o filtro;
- Use e abuse do estilo de vida saudável;
- À mesa, alimentos ricos em antioxidantes como frutas cítricas e vegetais verde-escuros.
- Evite o uso excessivo de sabonetes, buchas, banhos muito quentes e prolongados, principalmente no inverno.
- Não faça esfoliações excessivas na pele.
Envelhecimento x radiação UVA e UVB
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, um foto protetor eficiente deve oferecer boa proteção contra a radiação UVA e UVB. A radiação UVA tem comprimento de onda mais longo e sua intensidade pouco varia ao longo do dia. Ela penetra profundamente na pele, e é a principal responsável pelo fotoenvelhecimento e pelo câncer da pele. Já a radiação UVB tem comprimento de onda mais curto e é mais intensa entre as 10 e 16 horas, sendo a principal responsável pelas queimaduras solares e pela vermelhidão na pele.
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Um foto protetor com fator de proteção solar (FPS) 2 até 15 possui baixa proteção contra a radiação UVB; o FPS 15-30 oferece média proteção contra UVB, enquanto os protetores com FPS 30-50 oferecem alta proteção UVB, e o FPS maior que 50, altíssima proteção UVB.
Pessoas de pele clara, que se queimam sempre e nunca se bronzeiam, geralmente aqueles com cabelos ruivos ou loiros e olhos claros, devem usar protetores solares com FPS 15, no mínimo.
Já em relação aos raios UVA, não há consenso quanto à metodologia do fator de proteção. Ele pode ser mensurado em estrelas, de 0 a 4, onde 0 é nenhuma proteção e 4 é altíssima proteção UVA, ou em números: < 2, não há proteção UVA; 2-4 baixa proteção; 4-8 média proteção, 8-12 alta proteção e > 12 altíssima proteção UVA. O ideal é procurar por esta classificação ou pelo valor de PPD nos rótulos dos produtos.
Dr. Salim
CRM-SP 43163
É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.
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