Compulsão alimentar: tratamento só dá resultado com reeducação à mesa e psicoterapia
Entre os vários tipos de transtornos relacionados a comida, temos a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar. Estima-se que 2% da população sofra deste transtorno que afeta sobretudo as mulheres.
Trata-se de comer excessiva e descontroladamente uma quantidade de alimentos considerada exagerada pela maioria das pessoas, que só termina quando um intenso mal-estar ou exaustão física extrema são atingidos.
Geralmente, esta ação da compulsão alimentar é seguida pelo sentimento de culpa e mal-estar. Existem, no entanto, pessoas que experimentam essa sensação duas/três vezes por semana, ou mesmo com maior frequência, apesar de prometerem a si mesmo seguir uma dieta equilibrada. A esse comportamento os especialistas chamam de binge-eating (transtorno da compulsão alimentar periódica), que se caracteriza pela ingestão de grande quantidade de alimentos num período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o quanto se come.
Trata-se de um transtorno muito comum, descrito pela primeira vez em 1959 por Stunkard, sendo mesmo considerado o mais comum de todos os transtornos alimentares.
Calcula-se ainda que uma elevada percentagem de doentes submetidos a cirurgia bariátrica tenha esta desordem, para além de que doentes com a síndrome do pânico são mais vulneráveis a desenvolver este problema como forma de aliviar a sua ansiedade. De forma semelhante, doentes com transtornos de humor podem desenvolver a compulsão alimentar em consequência da falta de controle das suas emoções.
Assim como outros transtornos alimentares, a compulsão alimentar geralmente começa na infância ou na adolescência por influência da família, mas também devido a fatores hereditários, ambientais e socioculturais.
Os doentes possuem autoestima mais baixa, preocupam-se mais com o peso e a forma física do que outros indivíduos que também possuem excesso de peso, mas não possuem o transtorno. Por outro lado, além da sensação de perda de controle e da quantidade de alimento consumido, esta desordem é frequentemente acompanhada de sentimentos de angústia, vergonha e culpa.
Diagnóstico
Para um correto diagnóstico desta desordem, a compulsão alimentar, a American Psychiatric Association’s Diagnostic and Statistical estabeleceu um conjunto de critérios de diagnóstico que incluem:
– Comer mais rapidamente do que o normal;
– Comer até se sentir desconfortavelmente cheio;
– Comer grandes quantidades de comida, mesmo quando não está fisicamente faminto;
– Comer sozinho por vergonha uma grande quantidade de alimentos;
– Sentimentos de depressão, desgosto ou culpa com os excessos cometidos.
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Um doente tem de apresentar pelo menos três destes sintomas e devem ocorrer duas vezes por semana, ao longo de 6 meses, sem condutas de compensação (purga, laxantes ou outros meios inapropriados para compensar excessos).
Tratamento
O tratamento da compulsão alimentar baseia-se na combinação de medidas farmacológicas e comportamentais. Existem diferentes classes de medicamentos utilizados no tratamento deste transtorno e que têm sido descritos como capazes de reduzir os sintomas de baixa autoestima, dificuldades interpessoais, no humor e na qualidade de vida, além de um aumento do sentimento subjetivo de bem-estar. Por outro lado, a terapia comportamental ajuda a reduzir significativamente o comportamento de compulsão alimentar.
Dr. Salim
CRM-SP 43163
É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.
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