Tumor do testículo

Qual é a sua importância?

A grande preocupação com o câncer de testículo consiste no fato de ser a neoplasia maligna mais frequente em homens entre 20 e 34 anos de idade, período de plena atividade reprodutiva. O testículo é a maior fonte de testosterona produzida pelos homens, sendo responsável pela manutenção da libido (desejo sexual) e pela produção dos espermatozoides e, consequentemente, pela fertilidade.

Há pouco mais de 10 anos, esses tumores eram curados em apenas metade dos pacientes. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, nos dias de hoje, a sobrevida de 5 anos aproxima-se de 95% dos pacientes tratados.

 

Quais são os fatores de risco?

O principal fator associado ao câncer testicular é a criptorquidia (testículos posicionados fora da bolsa escrotal). Indivíduos com essa anormalidade possuem um risco 50 vezes maior de apresentar câncer. Outro grupo com maior incidência de câncer de testículo são os homens portadores de infertilidade. Nesses casos, a presença de tumor pode ser a causa da diminuição da produção de espermatozoides.

 

Como se diagnostica?

O quadro clínico caracteriza-se por um aumento do volume testicular ou pela presença de nódulo indolor à palpação. Existem também outros problemas associados ao aumento do volume testicular, como as infecções (orquiepididimites), hidrocele, torção testicular, hérnias inguinescrotais e cistos de epidídimo (órgão contínuo ao testículo).

Toda massa testicular encontrada na palpação, principalmente em adultos jovens, deve ser considerada como câncer, até que se prove o contrário. Apesar disso, o diagnóstico definitivo somente é possível após avaliação microscópica do tumor. A biópsia é contra indicada, pois se trata de neoplasia com intensa duplicação celular, e a biópsia pode representar risco de metástase.

O retardo no diagnóstico pode levar à progressão da doença, uma vez que são neoplasias dê rápida progressão, fazendo que mais da metade dos pacientes com tumor testicular chegue ao médico já com doença metastática.

Em fases mais avançadas, sintomas e sinais de metástases podem estar presentes, como falta de ar, massa abdominal e emagrecimento.

Alguns pacientes referem haver sofrido trauma local (por pancada), porém, o trauma não tem relação com o câncer de testículo.

 

Quais são os diagnósticos diferenciais?

Os diagnósticos diferenciais mais comuns são os processos inflamatórios do testículo, torção testicular ou hidrocele. A apresentação clínica difere pouco em todas elas, e, portanto, elas necessitam de avaliação urológica para diagnostico e tratamento o mais rápido possível.

 

Qual é o papel da ultrassonografia e da tomografia no diagnóstico?

A ultrassonografia do testículo tem papel fundamental no diagnóstico, pois caracteriza a presença do tumor e sua relação com as estruturas vizinhas, além de diferenciar das outras doenças (torção do testículo e inflamação testicular).

Outra vantagem do ultrassom é a capacidade de mostrar tumores não palpáveis ao exame físico, sendo estas lesões diagnosticadas em fases iniciais, o que facilita o tratamento. A tomografia de abdômen é outro exame indispensável na avaliação pré-operatória e acompanhamento, por diagnosticar a presença da doença a distancia (metástase), que ocorre principalmente no retroperitônio (parte posterior do abdômen, atrás do peritônio).

 

Quais são os tipos de tumores?

De forma simplificada, são 2 os tipos de neoplasias testiculares: os tumores seminomatosos, de comportamento mais lento, e os não seminomatosos, sendo estes mais agressivos e com tratamento mais difícil, na maioria das vezes necessitando o uso de quimioterápicos.

 

Quais são os marcadores sanguíneos desses tumores?

As células tumorais produzem substancias que chegam ao sangue, podendo ser detectadas por exames laboratoriais. Tais exames devem ser realizados  sempre no inicio do atendimento ao paciente, e são muito importantes no diagnóstico, na quantificação do grau de comprometimento da doença e servem de parâmetro para o acompanhamento após o tratamento. Os principais marcadores são: o Beta-HCG, o DHL e a Alfa-Fetoproteína

 

Como se trata?

O conhecimento da drenagem do testículo é essencial no tratamento dos tumores, tornando a biópsia de um nódulo testicular contra indicada pela possibilidade de disseminação da doença no trajeto da agulha. O tratamento correto consiste na retirada do testículo acometido.

Mais da metade dos pacientes com tumor testicular tem doença metastática no momento do diagnóstico, tornando necessário algum tipo de tratamento complementar após a retirada do tumor primário.

Embora seja assustadora a alta frequência de doença disseminada ao diagnóstico inicial, os pacientes ainda apresentam possibilidade de cura em aproximadamente 75% dos casos, devido a resposta favorável dos tumores tanto à quimioterapia quanto à radioterapia.

Muitos pacientes com câncer ainda não possuem uma família constituída. Sendo assim, o tratamento pode representar um grande impacto na fertilidade desses indivíduos. Após a quimioterapia ou radioterapia, quase todos os pacientes tem função do testículo remanescente gravemente alterada por um período de aproximadamente 2 anos, quando um pouco mais da metade deles apresentam melhora importante, com possibilidade de fertilização.

Veja também: Infertilidade atinge cerca de 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva.

Por esse motivo, todos os pacientes sem família constituída podem ter seus espermatozoides congelados antes do tratamento definitivo, permanecendo assim a possibilidade de obtenção de gravidez por método de reprodução assistida.

Felizmente, tumores bilaterais ocorrem em menos de 1% dos casos. Assim, a necessidade de reposição hormonal e possível dano na função sexual são condições extremamente raras.

Quanto ao aspecto estético, hoje em dia são utilizadas próteses testiculares de silicone implantadas no ato da retirada do testículo, sem deixar cicatrizes e imperceptíveis visualmente quando comparadas ao testículo normal.

Pela faixa etária jovem de acometimento desses tumores, e a alta possibilidade de cura da doença, as consequências do tratamento tornaram-se as principais preocupações na atualidade. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia possuem efeitos colaterais potencialmente prejudiciais em longo prazo na qualidade de vida desses pacientes.

Sendo assim, os principais avanços no tratamento concentram-se na diminuição das consequências, com permanência de bons resultados.

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CRM-SP 43163

É conhecido também como médico da família. Formado em 1981, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, concluindo residência dois anos depois, em 1983. Desde então, atua como clínico geral no Hospital Sírio Libanês, além de atender também em sua clínica privada.

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